segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

ALIMENTOS QUE AUXILIAM NO COMBATE AO CÂNCER II


O Câncer é uma doença (ou grupo de doenças) degenerativa que atinge mais e mais pessoas a cada dia. É uma doença que não escolhe, nem poupa, raça, sexo ou idade; qualquer pessoa pode vir a desenvolver um Câncer. Crianças, jovens, adultos ou idosos, mulheres ou homens, brancos, negros ou asiáticos; somos todos suas vítimas em potencial.
Muito se tem estudado sobre o Câncer, na heróica tentativa de vencê-lo. Ao longo do tempo, descobriu-se que fatores ambientais (como exposição crônica a ambientes poluídos no nosso local de moradia e de trabalho), alimentação e hábitos pessoais (bebidas, cigarro) podem se somar, e verdadeiramente se somam, à nossa herança genética para determinar se vamos, ou não, desenvolver um Câncer em algum momento de nossa vida.
A Ciência tem avançado em direção à cura de diversos tipos de Câncer, mas inúmeras vidas ainda são ceifadas, muitas vezes cedo e de modo rápido e traumático. O que podemos fazer para tentar mudar esse triste quadro? É certo que, como leigos, não sabemos tratar o Câncer, mas poderíamos ajudar a preveni-lo, ou retardar o seu avanço? Poderíamos, e podemos. Podemos iniciar prestando uma maior atenção ao nosso histórico familiar, evitando ou reduzindo nossos hábitos nocivos, cuidando melhor da nossa alimentação (e do nosso meio ambiente) e nos protegendo com maior eficácia dos poluentes ambientais. Nesse texto, continuaremos a falar sobre como certos alimentos (e seus nutrientes) podem ser nossos importantes aliados no combate ao Câncer, mas falaremos primeiro dos perigos por trás da alimentação moderna e sua ligação potencial com doenças degenerativas como o Câncer.
Os hábitos alimentares modernos trazem à nossa mesa uma enorme quantidade de alimentos industrializados, inegavelmente práticos e saborosos, mas que levam em sua composição várias substâncias, necessárias para conservar o alimento por mais tempo e realçar seu sabor. Essas substâncias, se consumidas continuamente e em excesso, podem causar uma grande quantidade de problemas de saúde. São os corantes, conservantes, aromatizantes, acidulantes, espessantes e adoçantes artificiais; produtos químicos estranhos ao nosso organismo e potencialmente lesivos ao nosso equilíbrio bioquímico.
Segundo Gildete Fernandes, nutricionista e chefe do serviço de Nutrição do Hospital Português, uma alimentação balanceada e saudável é uma medida essencial na prevenção e tratamento do câncer. Se não fornecemos ao nosso corpo os alimentos corretos e na quantidade adequada, ele passa a utilizar os nutrientes que estão armazenados como fonte de energia. Como resultado, as defesas naturais se enfraquecem, e não conseguimos nos defender das agressões resultantes do nosso estilo de vida (ver acima a referência a hábitos), elevando os riscos de desenvolver doenças crônico-degenerativas. Segundo a especialista, existe uma relação entre alimentação e o aparecimento do câncer. Alimentos com alto teor de gordura estão relacionados a uma maior incidência de Câncer e alimentos defumados e salgados são fatores de risco para câncer de esôfago, estômago e pulmão (por serem preparados à base de fumaça, os defumados possuem uma substância com alto potencial cancerígeno: o alcatrão, resíduo sólido da fumaça, também presente no cigarro).
Várias pesquisas apontam para o risco de dietas muito calóricas no desenvolvimento de Câncer: essas dietas, geralmente associadas a uma alta ingestão de carnes vermelhas, gorduras e leite, podem estar relacionadas ao aumento do risco de câncer de próstata, pois os Estrogênios, que causam inflamação prostática, depositam-se e acumulam-se no tecido gorduroso.
O refrigerante contém elementos tóxicos para o organismo que são considerados carcinógenos, como o ciclamato de sódio e o benzeno. Embora sejam substâncias de efeito lento, podem aumentar probabilidade de desenvolvimento da doença devido ao elevado consumo de refrigerantes na atualidade, difundido quase universalmente.
Voltando à fisiopatologia do Câncer: enquanto eu estou escrevendo esse texto, várias células estão se dividindo no meu organismo. Isso é necessário para a substituição de células envelhecidas e/ou lesadas que morrem diariamente, de modo a manter a integridade física e funcional do meu corpo. O mesmo ocorre no seu corpo, e no de todas as pessoas vivas. Bom, várias coisas podem dar errado durante essa divisão celular (infelizmente, esse assunto é muito longo e foge ao escopo desse texto), levando ao aparecimento de células defeituosas ou, para falar de forma mais clara, cancerígenas. É verdade. Formamos, com relativa frequência, células cancerígenas como subproduto do nosso metabolismo. Então, porque algumas pessoas não desenvolvem um Câncer? E porque ele é mais comum nos idosos? Ambas as perguntas têm a mesma resposta: o nosso sistema de defesa (nossa capacidade de imunidade) patrulha constantemente o nosso corpo e destrói essas células sempre que as identifica. Isso significa que o Câncer ocorre por uma falha do sistema de defesa em reconhecer e destruir uma célula defeituosa, dando a ela a oportunidade de "crescer e se multiplicar"? Sim, é exatamente isso que acontece. Se as nossas defesas falharem em reconhecer e/ou destruir as células anômalas que produzimos, elas vão se reproduzir e levar a um Câncer. E mais, as nossas defesas podem falhar por vários motivos: podemos produzir muitas células defeituosas em um dado momento e por razões várias (estresse, exposição a radiação, hábitos nocivos, outras doenças em curso no organismo, etc) e ultrapassar a capacidade do corpo para lidar com elas; ou o nosso sistema de defesa pode falhar for faltarem nutrientes essenciais ao seu bom funcionamento; ou esse sistema pode simplesmente envelhecer, como ocorre com os outros órgãos e sistemas do nosso organismo com o passar dos anos.
É aqui que entram em cena os alimentos que ajudam a combater o Câncer. Eles podem atuar reduzindo as lesões celulares causadas por radicais livres e, assim, reduzindo a necessidade de divisão e reprodução celular. Ou podem melhorar a função e a resposta da nossa polícia interna, nosso sistema imune (ou de defesa). Podem ajudar a prevenir o Câncer e, também, atuar como terapia adjuvante nos tratamentos médicos convencionais. Vamos listar a seguir algumas dessas substâncias (uma lista completa demandaria muito espaço) que auxiliam no combate ao Câncer, e os alimentos que as contêm.
               - Antioxidantes - São substâncias de diversos grupos químicos (vitaminas, minerais, enzimas, fitoquímicos) capazes de interceptar e neutralizar os radicais livres gerados pelo metabolismo celular ou por fontes exógenas, impedindo o seu ataque sobre estruturas celulares e intra-celulares, evitando a formação de lesões e perda da integridade celular. O estresse oxidativo (produção de radicais livres) tem sido frequentemente relacionado às fases de iniciação e promoção do processo de carcinogênese. As enzimas antioxidantes, que antagonizam esse processo, podem prevenir o aparecimento das lesões celulares e, consequentemente, do Câncer. Os principais agentes antioxidantes são: Vitamina A e Betacaroteno, Vitamina C, Vitamina E, Selênio, Zinco, Manganês, Cobre, Glutation, L-Cisteína, proteínas plasmáticas, as enzimas antioxidantes e de reparo, flavonóides, curcumina.

- Betacaroteno - Nutriente antioxidante, auxilia o organismo a restaurar lesões celulares produzidas por agentes oxidantes (radicais livres). Encontrado na abóbora, cenoura, tomate, caqui, couve, espinafre, brócolis, beterraba, batata-doce, manga e mamão. Por combater radicais livres, auxilia a combater os mais variados tipos de tumor.
- Sulforafane - Tem ação antioxidante e aumenta a resistência do organismo. Encontrado em brócolis, repolho, couve-flor, couve-manteiga, couve-de-Bruxelas, rúcula e espinafre.
- Fibras - As fibras insolúveis percorrem o trato gastro-intestinal, particularmente o intestino grosso, limpando-o de impurezas e toxinas que podem ficar aderidas às suas paredes, reduzindo a absorção de parte da gordura alimentar e acelerando a velocidade do trânsito intestinal reduzindo, assim, o tempo de contato entre substâncias tóxicas e potencialmente cancerígenas (como defumados e frituras) e a mucosa intestinal, protegendo o intestino grosso. Quando os alimentos carecem de fibras, ficam retidos muito tempo no cólon, causando processo irritativo e inflamatório na parede intestinal e aumentando a possibilidade de câncer nesta área, além do que o excesso de gordura intestinal estimula na vesícula biliar um aumento na formação de ácidos que, ao acumularem-se, podem ser cancerígenos. Como as fibras reduzem a absorção de gorduras e substâncias tóxicas e potencialmente cancerígenas, protegem não apenas vesícula biliar e intestinos, mas todo o nosso organismo. Já as fibras solúveis são fermentadas durante a digestão e dão origem ao ácido butírico, que inibe o crescimento de células malignas. As fibras são encontradas em várias frutas, verduras, legumes e cereais integrais, como couve-flor, ervilha, goiaba, maçã, melancia, pepino-japonês, aveia, arroz integral e o trigo integral.
- Licopeno - É um carotenóide e um potente antioxidante. Combate a formação de radicais livres impedindo que os mesmos lesem e danifiquem as células normais do nosso corpo, além de melhorar o funcionamento dos linfócitos (células de defesa do nosso corpo). É um poderoso auxiliar na prevenção contra tumores, especialmente de próstata, pulmões e estômago. Encontrados no tomate, extrato de tomate, molho de tomate, melancia, morango, goiaba, pimentão e beterraba.
- Ômega 3 - Os ácidos graxos poli-insaturados Ômega 3 de cadeia longa eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA), presentes nos peixes ricos em gordura e no óleo de peixe, podem ter impacto no câncer. Experimentos com animais, estudos in vitro e ensaios clínicos demonstram que eles podem inibir a carcinogênese, retardar o crescimento de tumores e aumentar a eficácia da radioterapia e de várias drogas quimioterápicas (Carmo MC, Correia MI. A importância dos Ácidos Graxos Ômega-3 no Câncer. www.inca.gov.br). Experimentalmente, ele é poderoso contra o câncer de mama e pode auxiliar no combate ao câncer de próstata e ao de intestino. Encontrado em peixes marinhos, como salmão e sardinha.
- Resveratrol - Poderoso antioxidante que inibe a formação de radicais livres. Parece reduzir o crescimento de tumores por impedir a produção de substâncias pró-inflamatórias que estimulam o crescimento das células tumorais, além de atuar dentro da célula e na membrana que a envolve, impedindo a angiogênese, ou seja, o crescimento de novos vasos sanguíneos por onde o tumor se espalha. Encontrado na uva, suco de uva e vinho.
               - Quercetina - A quercetina é o principal flavonóide presente na dieta humana. Muito se têm estudado a respeito das propriedades terapêuticas dos flavonóides, principalmente da quercetina, nas últimas décadas. Esses estudos destacam o seu potencial antioxidante, anticarcinogênico (reduz o risco de Câncer no estômado, fígado e pulmão, principalmente) e seus efeitos protetores nos sistemas renal, cardiovascular e hepático. A cebola, maçã e brócolis são as principais fontes de quercetina.

               - Ácido Elágico - É um polifenol e está associado à coloração vermelha das frutas. No meio científico, já é conhecido por seu mecanismo antioxidante ou de antienvelhecimento. A literatura internacional também relaciona o ácido elágico com a diminuição do risco de malignidade de tumores de esôfago e do intestino. Nesses casos, ele atua induzindo a mortalidade das células cancerígenas pelo estímulo da ação de enzimas detoxicadoras – que removem células cancerosas. Estudos mostram que o ácido elágico, tem sido efetivo também na prevenção do desenvolvimento do câncer induzido pelas substâncias do cigarro (Castonguay et al., 1990). Encontrado na cereja, na framboesa, nas nozes, na amora, no morango e na uva.

               - Epigalocatequina galato - As catequinas pertencem a um grupo de polifenóis encontrados nas folhas de Camellia sinensis. Estudos in vitro encontram-se bem avançados, mostrando possíveis mecanismos de ação contra o câncer, em todas as etapas do desenvolvimento da doença: iniciação, promoção e propagação (DREOSTI, I.E. Bioactive ingredients: antioxidants an polyphenols in tea. Nutr. Rev., v. 54, n. 11 (Part II), p. s51-s58, 1996). Vários estudos atuais, utilizando catequinas isoladas de seus extratos, mostram a atividade antioxidante de epigalocatequina galato e a inibição do crescimento e secreção de fetoproteína por hepatomas humanos. Outros estudos mostram que este composto impediu o crescimento de tumores de fígado e intestino. Encontrada nas folhas da Camelia sinensis e seus produtos - chá verde e chá preto.

               - Gingerol -  Estudos anteriores já mostraram que a substância (6)-gingerol possui interessantes atividades farmacológicas, tais como efeitos anti-inflamatórios, antihepatotoxicos e cardiotônicos. Mas recentemente foi descoberto que essa substância inibe a adesão celular, invasão, motilidade e metástase das células cancerosas mamárias da linhagem MDA-MB-231, da mama humana (Lee HS, Seo EY, Kang NE, Kim WK.,[6]-Gingerol inhibits metastasis of MDA-MB-231 human breast cancer cells.). Encontrado no Gengibre, um dos condimentos mais frequentemente consumidos, inclusive como auxiliar no emagrecimento, em todo o mundo.

               - Curcumina - É um fitoquímico que possui uma série de efeitos na prevenção e no tratamento do câncer. Por inibir vias de sinalização, transdução e transcrição, possui potente efeito no câncer como antiproliferativo, apoptótico, antiangiogênico e antimetastático.   Estudos in vitro mostram que a curcumina suprime a proliferação de células tumorais em vários tipos de Câncer: carcinoma de mama, carcinoma de cólon, carcinoma de próstata, carcinoma de pulmão, carcinoma basocelular, melanoma, leucemia mielógena aguda, leucemia de células T e linfoma de células B. Encontrado na raiz do açafrão-da-Índia, conhecida no Brasil como açafrão da terra ou gengibre amarelo.


               - Indol - 3 - Carbinol - É um fitoterápico antineoplásico que diminui os estrógenos na circulação sanguínea impedindo o aparecimento de células cancerígenas que dependem desses hormônios para crescer. Tem efeitos benéficos comprovados em neoplasias humanas como o câncer de mama, neoplasia vulvar intra-epitelial e displasia cervical. Vários estudos comprovam a sua eficácia em suprimir, em várias extensões, a proliferação de alguns tumores incluindo; mama, próstata, endométrio, colo-retal, leucemia mielóide e linfoma de células T em adultos. Encontrado nos vegetais crucíferos como couve-flor, repolho, brócolis, couve-de-Bruxelas e couve.

Resumindo, os alimentos, embora não façam milagres, contribuem bastante para o combate do câncer. Em virtude dos nutrientes que possuem, conseguem proteger, em graus que dependem do nosso estilo de vida, as células do organismo dos problemas provocados por substâncias cancerígenas. Assim, é essencial, na prevenção e combate aos diversos tipos de Câncer, não apenas consumir frutas, verduras, legumes, cereais integrais, alimentos ricos em fibras e antioxidantes, como também evitar consumo excessivo de bebidas alcoólicas, refrigerantes, alimentos industrializados (repletos de substâncias químicas estranhas ao nosso corpo) e alimentos gordurosos.
Por último, um lembrete importante. Para pessoas nas quais o Câncer já foi diagnosticado, essa abordagem nutricional e fitoterápica pode atuar de modo complementar, não excluindo, em momento algum, a necessidade de um acompanhamento com um médico especialista na área de Oncologia; tampouco exclui, obviamente, a necessidade do tratamento médico convencional mais adequado a cada caso.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

COMO OS ALIMENTOS AJUDAM NO COMBATE AO CÂNCER

    O câncer é uma das principais causas de mortalidade a nível mundial. De fato, essa doença está sendo considerada, na atualidade, uma epidenia de gigantescas proporções. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, salvo qualquer intervenção, 84 milhões de pessoas morrerão de câncer entre 2005 e 2015. O número é alarmante, mesmo para os mais pessimistas.

    Apesar das inúmeras descobertas da ciência no combate aos tumores malignos nas últimas décadas, os casos de câncer vêm se alastrando pelo mundo a fora com tal velocidade que chega a assustar a comunidade científica, os governos dos diversos países e a sociedade leiga. Pelo lado humano, o diagnóstico e posterior tratamento dos diversos tipos de câncer cobram um preço elevado, tanto fisica como psicologicamente, ao paciente e à sua família. Pelo lado financeiro, o preço pago pelo governo também é elevado, seja pelo afastamento dos cidadãos de sua vida produtiva durante o tratamento, ou por sua morte, seja pelo custo financeiro que o próprio tratamento impõe ao sistema de saúde desses países.

    Embora o câncer, após ser diagnosticado, possa ter uma evolução rápida e fatal, o seu desenvolvimento inicial, até se transformar em um tumor pode ser bastante lento, levando até cerca de dois terços do período de uma vida para atingir esse status de tumor e, então, avançar mais rapidamente e consumir a economia orgânica.

    Mas, como surge o câncer? E, o mais importante, podemos fazer algo para retardar, ou mesmo evitar o seu aparecimento? O processo de formação do câncer acontece lentamente ao longo de vários anos, às vezes décadas. Inicialmente, a célula sofre o ataque dos agentes cancerígenos que provocam paulatinamente transformações nos seus genes. Os genes alterados (ou deteriorados) alteram a forma como essa célula se reproduz, transformando-a em uma célula maligna que, ao se reproduzir, transfere as características alteradas às suas células descendentes. Na fase seguinte de instalação da doença ocorre a multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas, o que provoca o aparecimento dos tumores cancerosos.

    O câncer é uma doença degenerativa que envolve várias etapas e múltiplos fatores determinantes, sendo difícil afirmar um único método ou medida como preventiva. As descobertas científicas no campo da biologia nos ensinam que a fase inicial do câncer está associada ao dano no material genético da célula e que muitas vezes isso ocorre devido ao ataque de radicais livres. O que são esses radicais livres? São íons ou moléculas alteradas que têm um elétron desemparelhado em sua órbita externa, tornando-se eletricamente instáveis. Por necessitarem de um elétron que não possuem, interagem com moléculas vizinhas para "roubar" esse elétron e se equilibrarem eletricamente. O problema é que esse processo gera, por sua vez, desequilíbrio em outros íons e moléculas e, assim, leva à formação de uma "reação em cadeia" que altera progressivamente as estruturas moleculares ao redor dos radicais livres iniciais.

    E onde estão esses radicais livres? Estão presentes, para citar as fontes mais importantes, em alimentos industrializados, na poluição ambiental, em agrotóxicos, nos derivados de petróleo utilizados na produção de utensílios domésticos, no cigarro, etc. Também existem dentro do nosso próprio corpo, já que são produzidos, em parte, a partir do oxigênio que respiramos para viver. Quanto a esses radicais endógenos, a sua produção pode ser aumentada durante fases de maior estresse psicológico ou físico, como doenças inflamatórias ou infecciosas, traumas físicos (incluindo cirurgias), desnutrição ou má nutrição e atividades físicas extenuantes.

    Existem substâncias nutrientes, conhecidas como antioxidantes, que têm o poder de atenuar, ou até evitar, a formação e propagação desses radicais livres. Dessa forma, esses nutrientes antioxidantes poderiam reduzir o risco de câncer e seriam considerados como agentes potencialmente quimiopreventivos. 

    Onde estão esses antioxidantes? Na natureza, sob a forma de fitoquímicos, presentes nos mais variados alimentos. O que podemos fazer para reduzir o risco de um câncer é adquirir hábitos mais saudáveis, tanto pessoal como coletivamente, para reduzir a curto, médio e longo prazos, o acúmulo progressivo de lesões intracelulares que possam, finalmente, desencadear o aparecimento e a reprodução desenfreada de células cancerígenas. E podemos iniciar esse processo de uma maneira relativamente fácil, e bem saborosa: nos alimentando de forma mais natural e saudável. Segundo o professor Fernando Moreno, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, a alimentação saudável atuaria naquilo que os médicos chamam de quimioprevenção. "A quimioprevenção nada mais é que usar substâncias químicas que combatem o mal antes da progressão e aparecimento do câncer", explica Moreno. Fazendo isso, por um lado reduzimos o aporte de substâncias nocivas ao nosso organismo e, por outro, introduzimos em nossos corpos determinadas substâncias que ajudam na preservação da saúde de nossas células e no combate ao aparecimento das temidas alterações que levam à formação de células cancerígenas.

    Os alimentos ricos em gordura, açúcares e carboidratos refinados como pães, bolachas, sobremesas elaboradas, margarina e manteiga e carnes vermelhas gordurosas são responsáveis por tornar o sangue mais ácido, inflamando as células e elevando a produção de radicais livres endógenos, e por isso seu consumo excessivo deve ser evitado.

    Os alimentos alcalinizantes, que são as frutas, verduras e legumes, além de leite, cereais integrais e sementes, são capazes de  equilibrar a acidez do sangue, tornando o organismo menos ácido e, portanto, menos propenso a formar radicais livres em demasia. Então o consumo rotineiro de alimentos alcalinizantes favorece a saúde e a desintoxicação do corpo, auxiliando na manutenção do equilíbrio bioquímico do organismo.

    Segue abaixo a relação de alguns alimentos que auxiliam na prevenção e no combate ao câncer (informação compilada por Gabriela Cabral, da Equipe Brasil Escola):

    - Abóbora, cenoura, beterraba, batata-doce, manga e mamão são alimentos ricos em betacaroteno, substância que auxilia o organismo na restauração das células prejudicadas por agentes oxidantes (os chamados radicais livres). Dessa forma, atuam contra os mais variados tipos de tumor.

    - Brócolis, repolho, couve-flor, couve-manteiga, rúcula e espinafre possuem uma substância chamada sulforafane, cuja função no organismo é regenerar e aumentar a resistência do mesmo.

    - Couve-flor, ervilha, goiaba, maçã, melancia, pepino-japonês e o trigo integral são alimentos ricos em fibras que lentamente percorrem o aparelho digestivo aumentando a saciedade e diminuindo o teor de gordura no organismo.

    - Tomate, melancia, pimentão e beterraba são ricos em licopeno, substância que atua sobre os radicais livres impedindo que os mesmos danifiquem as células normais do organismo.

    - Os alimentos probióticos, que contêm bactérias benéficas ao organismo, conseguem fortalecer o sistema de defesa do corpo e ainda combatem úlceras que induzem a formação das células malignas.

    - As sementes oleaginosas, folhas verdes, batata-doce, leite, aveia, peixe e soja são alimentos ricos em alfatocoferol, substância que inibe a ação dos radicais livres no organismo e o crescimento de tumores no pulmão.

    Como textos muito longos podem cansar a mente e confundir o raciocínio, continuaremos essa exposição no próximo texto, onde especificaremos melhor os alimentos mais indicados para ajudar no combate de determinados tipos de câncer. Até lá.